terça-feira, 23 de janeiro de 2018

O Xamanismo e o Sagrado Feminino



Inspirada por um belíssimo texto que li hoje do meu amigo Xamã Ká Ribas, eu comecei a refletir sobre a conexão entre o xamanismo e o sagrado feminino. Tudo que existe está interconectado. Basta observarmos.

A sabedoria indígena é milenar. São práticas existentes muito antes de nomearmos como xamanismo ou de nomearmos o sagrado feminino. Todos os povos indígenas, aborígenes, seja de qual tradição for, sempre tiveram em suas tribos a forte presença da energia e da prática do sagrado feminino. Começando pela conexão com Pachamama, a Mãe que gesta, que nos ensina, que nos acolhe, que é firme quando necessário e se precisar “passa a espada”.

Quando você estiver na natureza eu sugiro que pare tudo que estiver fazendo e observe esse mundo. Os animais, as formigas, as borboletas, as plantas, os pássaros. Fonte de inspiração de diversas práticas orientais e ocidentais. Fonte de aprendizado infinito. Pachamama é uma fonte infinita de lições maravilhosas como, por exemplo, vida em comunidade, organização, fluidez, respeito ao ciclo natural da vida.


Outro ponto essencial da energia do feminino era a reunião das mulheres, em suas tendas. Ali elas entregavam seu fluido sagrado à Pachamama. E sempre havia uma anciã, que nesses dias ia transmitindo seus ensinamentos a essas mulheres. Elas aprendiam a usar a medicina vinda da natureza. Elas compartilhavam suas histórias, suas experiências, suas vivencias, seus sonhos. Uma falava, as outras ouviam com total presença, acolhimento e respeito. Elas exercitavam a magia das ervas, a escuta da intuição. Elas vivenciavam o que hoje chamamos de SORORIDADE.

Imagem tirada da fanpage de Laura Wilson

As tribos usavam dos sons nos rituais de cura, nos rituais de celebração, nos ritos de passagem. Chocalhos e especialmente o tambor. O som da batida do coração. Seus cantos de cura, cantos de alegria, cantos de homenagem e honra aos que foram, cantos de tristeza, cantos de celebração. E tudo isso sempre em círculo, representação da unidade, onde não há ninguém maior ou menor. Onde todos são Um.

Atualmente, as rodas de mulheres estão crescendo ao redor de todo o mundo. É um movimento crescente. E toda essa sabedoria está sendo resgatada nesses círculos. Sabedoria que nos leva ao nosso lugar mais precioso: a caverna de dentro do nosso coração. Lugar que eu só posso penetrar sozinha, com meus próprios passos. É o lugar que nos leva de volta pra casa. Aonde nos reconectamos com toda essa sabedoria que existe em nosso DNA. Reaprendendo a sentir e a ouvir a intuição.

Acredito muito que esse é o caminho da cura da humanidade: o resgate do sagrado feminino, que esse povo ancestral tão lindamente cultivava, vivia e ensinava.

Sinto esperança que todas as pessoas se deem a oportunidade desse despertar.


Aho Mitakuye Oyasin – Somos todos Um/Somos todos parentes